sexta-feira, 20 de julho de 2018

O Olhar

Parado no tempo, em um ponto de ônibus, está o cidadão, de repente chega outro cidadão, o primeiro permanece parado, calado, com o fone no ouvido, música alta, tudo tranquilo. E aquele segundo cidadão "desembesta" a falar, falar, falar, sabe-se que fala pois seus lábios secos e rachados não param, movimentam- se copiosamente, e o primeiro cidadão ali, parado ouvindo sua música, alheio ao movimento ao seu redor, exceto por esse cidadão simples e quase imperceptível.
Mas eis que, embora não ouvindo,  entendeu sua mensagem, ou seu desígnio, ao fixar em seu olhar,  percebeu a angústia, um olhar triste, penalisado, cansado e a lacrimejar, era sim uma súplica, não se fazia necessário saber o que ele falava. No momento em que seus olhares se cruzaram ouve o entendimento.
Não importava se naquele momento havia um "Q" de julgamentos alheios, o que importava era ter sentido a verdade naquele olhar. Um olhar.
Embora tenhamos um conceito de que tudo é culpa do sistema politico que não funciona corretamente e igualmente para todos, da vida, da falta de oportunidade. Será? Ou o sistema politico é que é vitima da ignorância de muitos, a vida que é vitima da imprudência de um povo sem uma boa educação.
O que é lamentavel é a dor que ficou no peito do cidadão que estava na parada de ônibus, ele foi à lágrimas, não suportou a dor de abrir a bolsa e ajudar com uma quantia tão irrisória a vista do que realmente gostaria de poder ofertar.

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